
Duas pesquisas, uma realizada recentemente e outra ainda por vir, me causaram fascínio imediato quando vistas. As duas, de antemão, se referem ao consumo. Sim, como diria um grande professor, se referem à "dinheiro, l´argent, money, geld, χρηματων" - em última instância, ao fetiche ou feitiço causado pelas mercadorias.
Um delas foi a
conclusão tirada por sociólogos que, em determinados países desenvolvidos, embora sujeitos a PIBs menores do que os EUA (base de comparação), estes não exarcebem o consumismo e: criam outros parâmetros sociais para a felicidade. Foi comprovado que o maior destes parâmetros para felicidade são os amigos. O que me fascina é que, indo contra o individualismo latente dos EUA, estes países também desenvolvidos (Finlândia, dentre outros) conseguem quebram o tradicional "american way of life" e se re-humanizam. E, paralelamente, mostra-nos que o individualismo - característico da nossa pós ou híper modernidade - tem marcas intensas de dinheiro.
Outra notícia é uma interessante pesquisa que será desenvolvida no campo das Neurociências. Ela buscará
fazer a medição de intensidade de ativação da área da felicidade no cérebro para mostrar-nos quando um indivíduo se mostra mais feliz. Deste modo, a sensação de felicidade (tomada como base neuronal, em transmissão de impulsos) é menor naquela pessoa que possui muito dinheiro e que o está gastando, do que em um mendigo saciado por um prato de comida. Se tudo provado, cairá o ditame que dinheiro traz a felicidade - entrará em cena o ditame - comparativamente, o dinheiro
pode trazer felicidade somente em situações específicas. Ou algo do tipo.
Vamos aos comentários. A primeira notícia causou-me espanto (a filosofia nasce do espanto?) devido à capacidade de alguns países em recriar categorias próprias para se mostrarem felizes. Nas entrevistas concedidas para a pesquisa, lembro-me de um cidadão dizendo: "Embora não tenha dinheiro, tenho os amigos - e: o governo até incentiva com um salário para que eu me case". Infelizmente, a valorização de outras relações não é prática recorrente em todos os países. No Brasil por exemplo, pelo tamanho, encontramos quem valorize as categorias humanas - outros, as categorias de finanças.
A segunda notícia me causou espanto devido à quebra de um velho tabu, proporcionado pelo avanço das neurociências - de fato, a sensação de felicidade, tão comumente dita por nós, torna-se algo de mais complicada definição.
Embora provindas de dois campos distintos (e para muitos contrários), uma notícia social e uma biológica nos deixa uma reflexão: O que realmente queremos? O homem, o que é e o que quer?
Na voz de Tim Maia, que se posiciona no assunto:
De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar!...